Modalidades amadoras.





Portugal perdeu 6-2 com o Brasil e pronto, ficam logo doentinhos. Há gajos que já invocam o sagrado fantasma de Almada Negreiros e do seu manifesto Anti-Dantas para malhar naquele senhor que é seleccionador nacional e cujo nome me abstenho de referir.
Cambada de fanáticos. Se fossem como eu dormiam hoje bem descansados e nem sequer perdiam cinco segundos a pensar no futebol - eu cá não ligo nenhuma. Nadinha. Nada de nada. Nem uma sombra de uma sombria sombra da mais negra das preocupações abismais. A minha mente está mais solarenga que um cartão postal do Rio de Janeiro. Olho para o espelho e sinto-me logo mais bronzeado, estou-me nas tintas. Azia? Népia. Zero absoluto. Zero não, dois. Dois a seis… Dois nossos, seis deles…




Onde é que eu ia? Preciso desesperadamente de me lembrar.Ah, vocês! Vocês, seus ressabiados da bola, tenham juízo. Vão mas é dormir. Não têm sono? Leiam um livro! O Ensaio Sobre a Cegueira do José Saramago, sei lá, qualquer coisa. Leiam tudo menos um livro do Eça de Queirós. O gajo não é de fiar, tem um apelido um bocado suspeito.




Onde é que eu ia? Ah, em vocês, seus tarados do fora de jogo! Pois não há trabalho para fazer? Aposto que ainda vão ter pesadelos com aquele desgraçado que quer ser o melhor jogador do mundo e cujo nome agora me abstenho de referir porque senão sai um gatafunho ortográfico de certeza. Bem, é o nosso Kaka - mas sem K, aqui na Tugolândia a kaka escreve-se com C, C de…




Onde é que eu ia? Preciso desesperadamente de me lembrar.
Ah! Já sei! As amadoras! Dediquem-se às modalidades amadoras, seus desocupados! Eu cá prefiro mil vezes passar o tempo a jogar uma boa partida de cartas - desenvolve o músculo das pálpebras como nenhum outro desporto. Se gostam de actividades mais físicas, façam como aquele cavalheiro ali da fotografia, atirem a bolinha ao ar e fiquem a vê-la cair. Há gajos que neste assunto das bolas tiram partido da força da gravidade, há outros parvalhões que não.




Inventem, seus agarradinhos da bola. Uma boa partida de badmington é sempre emocionante. Façam de conta que é os Jogos Olímpicos de Portugal e somos todos chineses. Experimentem lançar o dardo como estão a fazer ali aquelas meninas. É muito mais giro que o futebol, é intelectualmente estimulante e, ao contrário dos jogos de Portugal da era pós-Filipão, costuma ter um resultado imprevisível. Deixem é de pensar no futebol, cambada de machistas. Vocês assim passam-se da cabeça. A sério. Vão por mim. Passam-se. Passam-se. Passam-se mesmo. Passam-se mesmo. Passam-se mesmo. Onde é que eu ia? Preciso desesperadamente de me lembrar.
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