Não são apenas os cidadãos ordeiros os afectados pela "onda de criminalidade violenta" que o país atravessa (de acordo com a comunicação social) e os próprios meliantes começam a acusar a responsabilidade do permanente escrutínio mediático.

Para Mané Balázio, presidente do Sindicato do Crime do Sul e Ilhas: "Até aqui, com as ondas de insegurança, ainda nos íamos aguentando, mas com a promoção a ondas de crime e com até os roubos mais insignificantes a terem cobertura televisiva, começamos a sentir que o país quase nos exige que pratiquemos a nossa arte e nem todos os colegas serão capazes de lidar com esta pressão." A opinião é partilhada por outros líderes sindicais do submundo. O presidente da UACAS (União de Assaltantes, Contrabandistas, Assassinos e Similares), Carvalho da Silva (sem parentesco com o líder da CGTP) refere ainda a mudança de expectativas do público. "Assaltos simples, roubos por esticão ou furtos domiciliares já não impressionam ninguém", refere. "Os portugueses têm visto assaltos com reféns e snipers e utilização de mísseis em carrinhas de valores e começam a habituar-se mal. Além disso, há ainda o problema dos comentários especializados. Tira a piada ao crime saber que cada roubo de caixa Multibanco tem um valor sociológico profundo."

Ignorando as queixas da classe criminosa, o governo esforça-se para mostrar serviço na luta contra a "onda de criminalidade violenta", quer esta seja real ou não. Em breve, será anunciada a entrada ao serviço do primeiro super-herói português, um espécime concebido em laboratório a partir da fusão de qualidades dos nossos dirigentes, nomeadamente: a clareza de ideias de Pinto Monteiro, a simpatia de Rui Pereira, a diplomacia de Mário Lino, o ligeiro atraso mental de Alberto Costa (para mostrar que somos uma sociedade que não discrimina) e a capacidade de José Sócrates para ignorar tudo o que não se enquadre na sua visão idealizada de um país a caminho da perfeição.
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