Dinastia Moura no S. Mateus em Elvas.






O patriarca recria-se em noite de Família.


O cartaz que orgulhosamente envergava o tão desejado “Esgotado” estava colocado na entrada principal do Coliseu José Rondão de Almeida um par de horas antes do festejo começar. A “Dinastia Moura” fez a sua última corrida em Elvas, ontem, dia 26 de Setembro de 2008, com a já habitual homenagem ao cavaleiro João Moura pela comemoração do seu trigésimo ano de alternativa, ocasião em que o fadista Dom Manuel da Câmara tão bem interpretou dois fados, um deles com letra dedicada ao genial cavaleiro.

E foi o mais experiente cavaleiro, o grande triunfador da noite na lide do segundo do seu lote. João Moura pai esteve bem nos compridos e nos curtos deu uma lição de toureio que dificilmente se esquecerá. Parecia interpretar o mais belo toureio de muleta, fabulosa a brega de colocação, com uma plasticidade impressionante e remates fabulosos. Houve bons ferros mas o que se reteve foi o temple conseguido pelo maestro revolucionário do toureio. Deu volta à arena com lágrimas no rosto...

O primeiro era sonsito e embora perseguisse o cavalo, não se entregou muito à luta com o cavaleiro de Monforte. No entanto Moura deixou bons ferros, citando de largo e atacando o toiro, tentando emprestar à sua actuação toda a emoção que o astado não tinha. Houve bons momentos e bons ferros.

Ao filho primogénito do maestro coube o pior lote de toiros. João Moura Júnior tem mais que argumentos para bordar o toureio com os bons toiros, mas tem também para lutar frente aos mais complicados. Frente ao primeiro, um toiro que se lesionou logo à saída, muito mais não a fazer que cravar com ortodoxia, mas ao quinto da ordem, Mourinha encantou com a sua garra, a querer competir com o seu alternante, o seu pai. Recebeu à porta gaiola e desenvolveu com Belmonte uma actuação de muito valor artístico. A brega ladeada e boas cravagens foram rainhas. Terminou uma boa actuação com dois palmos de excelente nota.

A João Augusto Moura coube exibir arte com capote e muleta. Esteve bem frente ao primeiro novilho com que se enfrentou. Arrancava-se de largo e proporcionava séries por ambos os pitons. Mas cedo buscou tábuas tendo o novilheiro que lhe arrancar passes ali mesmo, numa faena que resultou bonita e com momentos de profundidade.

O segundo dos novilhos do lote de Augusto Moura era mais “revoltón” e pedia bruscos movimentos. Recebeu com duas largas afaroladas de rodillas e seguiu com verónicas. De muleta conseguiu uma outra série com ligação, mas foi a técnica exibida que mais se apreciou nesta sua prestação. Esteve bem o sobrinho do mestre.

O pupilo encantador Miguel Moura levanta praça mal entra na arena. Tem um poder comunicativo invejável e conecta com o público de forma natural e fácil. Foi autor de uma actuação de muito bom nível, com excelentes reuniões e demonstrando evolução a cada momento que passa. Terminou com um muito bom palmo e todo a assistência em pé.

As pegas da noite estiveram a cargo dos Grupos de Forcados Amadores de Tomar, Amadores de Alter-do-Chão e Académicos de Elvas. Todas as pegas foram consumadas ao primeiro intento à excepção da primeira efectuada pelo Grupo de Tomar, concretizada apenas à segunda tentativa.

Os toiros lidados esta noite pertenciam à ganadaria de Francisco Romão Tenório dando jogo desigual e pouca emoção.

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