Vidas do Arco da Velha - Maria Elisa


Maria Elisa Domingues nasceu em Junho de 1950 num laboratório subterrâneo no deserto de Mojave, onde um grupo de cientistas a soldo do exército americano passou anos a desenvolver um clone viável a partir de material genético humano (70%) e de ADN de catatua (25%), apenas para passar o tempo. Os trabalhos foram reportados por espiões soviéticos aos seus superiores e uma equipa de brilhantes geneticistas do proletariado encerrou-se numa base remota no Cazaquistão, tentando duplicar a experiência e criar também um híbrido de humano com ave tropical, mas o resultado mais significativo, o malogrado homem-tucano de Alma-Ata, sobreviveu apenas quatro dias até o peso do bico o fazer cair para a frente, fracturando o crânio em três pontos diferentes. Alcançado o sucesso, os americanos não tardaram a perceber que as aplicações de uma mulher-catatua eram inexistentes e livraram-se do embaraço, enviando Maria Elisa para a capital portuguesa. A jovem depressa se ambientou ao seu novo lar e descobriu uma vocação: ser doente profissional, ambição que alimentou com afinco mesmo tendo contra si a sociedade (que hesitava em reconhecer a carreira) e uma saúde de ferro. Contrariada, acabou por aceitar trabalho na RTP, sem desistir do sonho. A primeira responsabilidade que lhe coube foi a apresentação um magazine infantil, cancelado no fim da primeira série, queixando-se os pais dos participantes de que a opção de subordinar cada programa ao debate de uma doença incurável fazia chorar os pequenos. Seguiu-se uma longa passagem pelo jornalismo, durante a qual lhe coube a honra de entrevistar os vírus e bactérias responsáveis pelos principais flagelos da saúde mundial. Nomeada directora de programas da televisão pública, tentou conciliar trabalho e vocação, assumindo-se como sofredora de esmagniploidismo simplofaccionágico, demitindo-se quando a comunidade médica recusou reconhecer a existência de tal maleita. Teve breves passagens pela política e pela diplomacia (renunciou ao cargo de conselheira cultural da embaixada em Londres por lhe ser recusado orçamento para iniciar uma epidemia de cólera) e regressou a Portugal e à televisão para apresentar “Os Grandes Portuguesas e Suas Doenças”, programa de sua autoria que, posteriormente, veria o formato e designação profundamente alterados. Apresenta actualmente uma rubrica sobre desportos náuticos centrada na variedade de doenças que podem ser contraídas dentro de água.
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