A ofensiva anti-tradição.


Nas últimas décadas o mundo tem assistido a mudanças vertiginosas, que se sucedem a um ritmo nunca visto e que afectam profundamente a forma como vivemos e a maneira como nos encaramos a nós próprios. Essas mudanças trouxeram-nos, em muitos casos, mais comodidade, mais segurança e mais tempo de vida. Contudo, será que nos trouxeram um aumento proporcional de felicidade? É legítimo que se tenham dúvidas.

Não vemos qualquer incompatibilidade entre tradição e modernidade. Antes pelo contrário, parece fundamental que saibamos viver em harmonia com ambas. Afinal, como em tudo aliás, o que parece essencial é haver bom senso e essa prudência de que falavam já os antigos. O que era importante é que a classe política não olhasse só para o seu umbigo e que fosse capaz de ver aquilo que as populações realmente querem. No entanto, os nossos políticos, formados na escola da partidocracia, afastados das populações que os elegeram e que deveriam servir, sentem-se acima dessas realidades mesquinhas, são gente moderna que tem preocupações mais elevadas, que o povo não compreende. Gente dinâmica que gosta de rupturas e que advoga a mudança pela mudança. Basicamente, uns modernaços avessos a coisas velhas como as tradições, os costumes e a moral, obstáculos todos eles à sua sacrossanta liberdade de acção. Assim, as Leis são óptimas para serem contornadas, os costumes são coisas do passado e a moral é algo de muito aborrecido e ultrapassado que se deve deixar para trás. A tradição, enfim, a tradição já não é o que era…

Esta gente − políticos, intelectuais e ditadores do politicamente correcto −, que se considera detentora da cultura, esquece depressa que esta, como a definiu magistralmente Konrad Lorenz, “é uma tradição cumulativa”. Não permite rupturas e o repúdio dos princípios que estiveram na base da constituição de uma determinada comunidade. No entanto, essa gente, tão culta, acha que é preciso estar sempre a fazer história e a reescrevê-la de acordo com a sua visão própria das coisas. Daí as demonizações a que assistimos e o branqueamento de tantos facínoras progressistas (veja-se, acima de todos, o caso de Che Guevara).

É precisamente a tradição, aliada com a modernidade, que faz o mundo avançar. Talvez não permita que avance à velocidade que alguns modernistas, sempre prontos a subverter as instituições, gostariam que avançasse, mas permite certamente que o mundo evolua de forma saudável, num ritmo que tenha em conta o querer das populações e a vontade das elites.

A forma como actualmente se está a procurar subverter as instituições tradicionais, nomeadamente a Família, célula basilar das nossas sociedades, ameaça destruir tudo aquilo em que acreditamos. Trata-se verdadeiramente de um regresso à barbárie, de um esquecimento de todas as conquistas da civilização. É importante que, cada vez mais, nos unamos para fazer face a esta avançada das forças “progressistas” que só poderão conduzir ao caos.
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