Títulos e títeres.




Em todo o caso, não percebo tanto escarcéu de cada vez que descobrem um falso doutor entre os ministros ou um falso engenheiro entre os chanceleres. Já a evidência recorrente e corriqueira de , por obra e graça de eleição, tanto doutor e engenheiro se transformar em falso ministro ou em pseudo-chanceler  não parece incomodá-los minimamente. Para não variar, aponta-se o cisco, a pentelhice na vista alheia e faz-se de conta que o argueiro - melhor dizendo, a trave descomedida - no olho próprio, embora cego, é perfeitamente natural. O escandalinho funciona assim como quê - paliativo para a imunda resignação?
E sempre pergunto: qual é o espanto? O escândalo é ele ter-se feito doutor em doze meses? Num país em que centenas de milhar se fizeram democratas numa noite - a mesma velocidade que qualquer eleito leva a mudar de nacionalidade, só que de dia e passada meia-hora de investidura -, o que é que isso tem de extraordinário?...

A sério, um ex-país infestado de gente com testículos postiços, coluna gasosa, moral descartável e lógica de conveniência consegue  ainda indignar-se com um título postiço? Não, isso é que é assombroso.
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