«Peter Singer é o filósofo de esquerda que está na moda. Aborda temas politicamente correctos como o aborto, a eutanásia, a ajuda aos pobres ou o modo como tratamos os animais. Como não podia deixar de ser produz ideias aberrantes que, por vezes, até a esquerda supostamente bem pensante, que o aprecia, denuncia chamando-lhe hipocritamente fascista.
O ponto de partida das suas ideias é que a dor deve ser evitada a todo o custo. O sofrimento é intrinsecamente mau e é igualmente mau independentemente de quem o sofre, seres humanos ou animais. A existência de sofrimento diminui a qualidade de vida do sofredor. Vai daí que o direito á integridade física está fundamentalmente ligado á qualidade de vida. Sem qualidade de vida ninguém tem direito á integridade física. Para além disso, Singer defende que somos tão responsáveis por aquilo que fazemos como pelo que, estando ao nosso alcance, podemos evitar que suceda.
Com base nestes princípios tira várias conclusões. Por exemplo, é imoral o sofrimento que provocamos aos animais para os comer. Singer ignora as touradas, mas não é difícil adivinhar o que pensaria delas. Diz ainda que o estilo de vida ocidental é moralmente reprovável porque prefere gastar dinheiro em mais bens em vez de ajudar as crianças que morrem à fome em África (onde é que eu já ouvi este tipo de argumentação?).
Mas muito graves são as ilações de que o aborto, a eutanásia e o infanticídio são moralmente aceitáveis em algumas situações. No caso do infanticídio, a lógica é que a criança que ainda não é consciente, ou seja, ainda não tem autonomia por não se reconhecer a si própria como uma entidade distinta que persiste no tempo , tem um direito á vida mais fraco do que um adulto. Ou seja, bebés ou pessoas com deficiência não têm uma qualidade de vida mensurável e, caso se perspective que possam causar sofrimento psíquico a si próprios ou aos seus familiares, o melhor é eliminá-los. Singer nunca leu, e nem quer ler como ateu que é, Adam,o Amado de Deus, de Henry Nouwen. Mas se lesse não escreveria estas baboseiras.
Igualmente aberrante é a justificação da eutanásia por Singer em casos de hemofilia ou infecção urinária que causem diminuições inaceitáveis na qualidade de vida dos doentes, ou na de quem os acompanha. È difícil de acreditar, mas é verdade.
Esta perspectiva hedonista baseia-se nos postulados utilitaristas do prazer e da dor divulgados por Bentham no século XIX e vai beber a lógica do ‘bom selvagem’ de Rousseau, em que o Homem, no seu estado ‘natural’, é intrinsecamente bom e a única característica não natural que possui é a ´piedade’ ou sensibilidade á dor dos outros. Mas além de aberrante é também arrogante pois opta por ignorar toda a tradição de ideias e de valores que nos foram sendo transmitidos ao longo da História. A centralidade da vida é totalmente posta de lado, um pouco no seguimento das modas da esquerda do século XX.
Se pensarmos que a dor tem um lugar relevante na cultura cristã pelo sacrifício de Jesus Cristo que se deixou crucificar para nos salvar, facilmente percebemos porque é que as ideias de Singer são tão apreciadas pela esquerda ateia e bem pensante.
Singer foge da dor a todo o custo mas parece “esquecer” as sequelas que poderão aparecer na vida de quem pratica o aborto ou o infanticídio. Os sentimentos de culpa, os remorsos ou os tormentos de consciência são comodamente esquecidos.
Porque é que Singer tem tanto destaque nos jornais e porque é que vende tantos livros apesar das barbaridades que diz? Porque é de esquerda.»
Incontinentes Verbais
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