Carlos Castro nasceu em Moçamedes, Angola, não se sabe quando ao certo. A avaliar pelo aspecto dele, terá sido em meados dos anos 10. Tem pais e avós angolanos, mas contrariamente àquilo que seria de esperar, são eles a terem vergonha dele. Há homens grandes que não são grandes homens, e há grandes homens que não são homens grandes. Carlos Castro nunca foi nenhuma destas duas hipóteses. Ainda novo, abandonou África, e jurou que nunca voltaria a Angola. Aliás, foi devido a essa jura que eles o deixaram sair de lá vivo. Quando chegou a Portugal, não trazia mais nada, senão a roupa que tinha no corpo. Carlos jura que ainda hoje guarda aquele fato de marinheiro com que desembarcou em Lisboa. Os amigos sempre recusaram para Carlos a designação de retornado. Para eles, apenas transtornado serve. Scarlate e Rocambol Tramblot são nomes de alguns espectáculos que protagonizou, já em Portugal. Organizou ainda inúmeros eventos e galas onde os travestis eram figuras de proa. De facto, com tanta história ligada a movimentos homossexuais, estranha-se o seu afastamento das Marchas de Santo António. Em 77 tira a carteira de jornalista, o que prova que a fraca qualidade dos jornais portugueses em nada tem a ver com o actual curso de Ciências da Comunicação: é um problema que já vem de longe. Ao longo da sua vida colabora com publicações como TV Guia, TV Mais ou 24 Horas. De jornais a sério, não há notícias. Fica conhecido pelas suas crónicas de costumes. Sempre se recusou a fazer crónica social, daquela que se limita a analisar o vestuário das figuras públicas. Até porque para falar mal da roupa dos outros, era preciso vestir bem. Entra no meio da literatura – salvo seja – e publica um livro sobre Rute Briden. Para os que neste momento estão a pensar “Ah, ele afinal gosta de mulheres” sinto-me obrigado a esclarecer que Rute Briden era um homem que se travestia. Carlos Castro ficou conhecido como um dos primeiros portugueses a assumir a homossexualidade. Muitos mais tarde se seguiriam, como Elton John, Keanu Reeves ou Melão. O que é certo é que se pudesse voltar atrás, provavelmente Carlos faria as coisas de maneira diferente. Pelo menos é isso que lhe aconselha Cláudio Ramos. Entretanto, Carlos junta-se à Abraço, e luta para que a ideia de que a SIDA é uma doença de homossexuais não se difunda. O que é certo é que a herança deixada por artistas como o António Variações não lhe facilitaram o trabalho. Anos mais tarde, surge a Televisão, onde é convidado para ser júri do programa Big Show Sic, que revelou ao país figuras que nunca mais iriam ser esquecidas: João Baião, Macaco Adriano e... pronto. Acho que foram só estes dois.Hoje em dia, Carlos Castro é considerado apenas um socialite: Um homem que vai a festas e inventa calúnias sobre as pessoas que nelas habitam. No final de contas, a culpa não é dele... é tudo uma questão de genes. Já lá diz o ditado: homem pequenino, ou mentiroso ou bailarino.
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