Nisto dos putos e das canções e gerações e protestos, estas coisas giras que ciclicamente acontecem com todas as gerações saudáveis, tenho visto exemplos de cinismo e maldade para com os putos e as suas manifestações.
Não gosto de ver essas personagens na minha própria geração (76), nem daí para baixo.
Admito isso nos velhos lógicos, senhores com alguma idade e com a 4ª classe, que têm uma visão do mundo formada pelo Correio da Manhã e que ligam para o Fórum TSF, ou nas tiazecas que vivem em microcosmos ou no Pacheco Pereira.
Mas não em pessoal de 30 e tal anos que cresceu a ouvir rock e com o Herman José e que ainda apanhou a Internet na universidade.
É legítimo e útil criticar as reivindicações, questionar a utilidade da manifestação, mas não o sintoma em si, não o carácter dos jovens, não o serem preguiçosos, baldas, mimados, desinteressados, decadentes, indisciplinados ou ignorantes... Pensemos antes que coisas como o eventual desinteresse de uma geração pode ser um sinal que o que existe agora é desinteressante e nós é que já estamos tão condicionados por esta merda que nem questionamos as coisas que nos obrigaram a engolir.
Às vezes acho que as pessoas fazem isso porque se sentem ressentidas de terem tido de abdicar dos seus próprios sonhos para se encaixarem em rotinas miseráveis e massacrantes, com as vidas pessoais subjugadas a empregos claustrofóbicos, em que grande parte do problema é precisamente aturar algumas pessoas da geração anterior, a que manda em nós e define regras por vezes absurdas e irracionais.
E muito menos, nunca, jamais, never, com o disparate de se considerar uma nova geração pior que a anterior, pior do que a própria.
A única coisa que pode haver é uma preciosa ingenuidade, comove-me que os putos estejam chateados. O cinismo ácido que tenho visto por aí... É na desconfiança da geração seguinte que reside o primeiro e mais grave sintoma de estar velho.
Para um puto entalado numa vida sem perspectivas, o primeiro verso de gimme shelter dos Stones é mais do que o primeiro verso de gimme shelter dos Stones
Não gosto de ver essas personagens na minha própria geração (76), nem daí para baixo.
Admito isso nos velhos lógicos, senhores com alguma idade e com a 4ª classe, que têm uma visão do mundo formada pelo Correio da Manhã e que ligam para o Fórum TSF, ou nas tiazecas que vivem em microcosmos ou no Pacheco Pereira.
Mas não em pessoal de 30 e tal anos que cresceu a ouvir rock e com o Herman José e que ainda apanhou a Internet na universidade.
É legítimo e útil criticar as reivindicações, questionar a utilidade da manifestação, mas não o sintoma em si, não o carácter dos jovens, não o serem preguiçosos, baldas, mimados, desinteressados, decadentes, indisciplinados ou ignorantes... Pensemos antes que coisas como o eventual desinteresse de uma geração pode ser um sinal que o que existe agora é desinteressante e nós é que já estamos tão condicionados por esta merda que nem questionamos as coisas que nos obrigaram a engolir.
Às vezes acho que as pessoas fazem isso porque se sentem ressentidas de terem tido de abdicar dos seus próprios sonhos para se encaixarem em rotinas miseráveis e massacrantes, com as vidas pessoais subjugadas a empregos claustrofóbicos, em que grande parte do problema é precisamente aturar algumas pessoas da geração anterior, a que manda em nós e define regras por vezes absurdas e irracionais.
E muito menos, nunca, jamais, never, com o disparate de se considerar uma nova geração pior que a anterior, pior do que a própria.
A única coisa que pode haver é uma preciosa ingenuidade, comove-me que os putos estejam chateados. O cinismo ácido que tenho visto por aí... É na desconfiança da geração seguinte que reside o primeiro e mais grave sintoma de estar velho.
Para um puto entalado numa vida sem perspectivas, o primeiro verso de gimme shelter dos Stones é mais do que o primeiro verso de gimme shelter dos Stones
Yeah, a storm is threatening
My very life today
If I don’t get some shelter
Lord I’m gonna fade away
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